Gente Pobre

✍️ Fyodor Dostoevsky

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Gente Pobre, de 1846, foi a primeira obra de Dostoiévski e foi, sem dúvida nenhuma um grande início de carreira para o escritor.

A obra é um romance epistolar, uma troca de cartas entre Makar Aleksieievitch Dievichkin e Varvara Aleksieievna Dobrosiolova (Variénka). Ambos vivem em um conjunto residencial em São Petersburgo e, claro, são extremamente pobres. Não sabemos exatamente qual a relação entre Makar e Varienka, se há algum grau de parentesco ou algo do gênero. O que sabemos é que Makar é bem mais velho que Varienka e que nutre um amor quase paternal por ela. Ao longo das cartas somos apresentados aos pequenos sucessos e grandes provações pelas quais passam os protagonistas durante um período de aproximadamente seis meses (a primeira carta é do início de Abril e a última carta do fim de Setembro).

Makar é um funcionário público medíocre, estagnado na última categoria da hierarquia do funcionalismo. Ele trabalha como copista e é motivo de troça entre seus colegas de trabalho por causa do estado deplorável das suas roupas. Aqui Dostoiévski parece ter usado a personagem para fazer uma homenagem a Gógol pelo conto “O Capote”. Dostoiévski iria ser conhecido por demonstrar muita admiração e prestar muitas homenagens a Gógol e a Pushkin em suas obras.

Varienka é uma jovem orfã e bastante injustiçada na vida. Ela conta em detalhes alguns destes eventos numa carta mais longa onde também ressalta o período em que viveu de favor e também alguns momentos em que foi pretendida para casar. Atualmente vive de costurar para fora. Tanto ela quanto Makar em todas as cartas relatam muitos problemas e dramas devido à pobreza. Por outro lado eles mantém um certo orgulho para não dar o braço a torcer e admitir que precisam de ajuda. Geralmente eles mandam alguns rublos e copeques um para o outro mas sempre dizem que não precisavam, que o outro precisava muito mais do dinheiro, etc.

Pelo livro também conhecemos um pouco da atmosfera de uma repartição pública da Rússia do século XIX e a degradante situação que muitas pessoas passavam na capital do império russo. Em outras obras de Dostoiévski essa temática da pobreza voltaria a baila, por exemplo, os apartamentos pequenos e sublocados, os ambientes quase claustrofóbicos, muitas brigas e intrigas entre vizinhos, entre outros.

O livro é muito bom e sendo um livro relativamente curto serve como boa porta de entrada para quem quer conhecer Dostoiévski.