Frei Luís de Sousa
✍️ Almeida Garrett
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Esta peça de Almeida Garrett, lançada em 1844, é um relato ficcional mas que envolve personagens e eventos reais da história portuguesa. Dona Madalena de Vilhena é viúva de D. João de Portugal, cavaleiro e fidalgo português, desaparecido junto com o rei D. Sebastião em 1578 na Batalha de Alcácer-Quibir. Depois de passar sete anos a procura do marido, Madalena casa-se novamente com o cavaleiro Manuel de Sousa e eles têm uma filha, Maria de Noronha. Eles moram na margem sul do Tejo em Almada.
A peça passa-se ano de 1599, treze anos depois do nascimento de Maria. A União Ibérica já está consumada e o rei de Portugal é Filipe I (Filipe II de Espanha) e Lisboa passa por mais uma crise de peste. Mesmo com mais de vinte anos decorridos do desaparecimento do seu primeiro marido, Madalena revela-se uma pessoa bastante supersticiosa. Ela ainda acredita que D. João de Portugal possa retornar um dia. Telmo Pais, antigo escudeiro de D. João também alimenta esses pensamentos, assim como alimenta o Sebastianismo, conforme podemos ver em um diálogo dele com Maria.
MARIA: Mas então, vamos, tu não me dizes do retrato? Olha[…] é o do meu querido e amado rei D.Sebastião. Que majestade! Que testa aquela tão austera, mesmo de um rei moço e sincero […] E pensar que havia de morrer às mãos de mouros, no meio de um deserto[…] Deus não podia consentir em tal.
TELMO: Que Deus te ouvisse, anjo do céu!
MARIA: Pois não há profecias que o dizem? Há, e eu creio nelas.
Um dos acontecimentos da peça é a fuga de Lisboa dos governadores de Portugal por causa da peste. Eles decidem rumar ao castelo de Manuel de Sousa e este, indignado com a subserviência destes governadores à Espanha, prefere tocar fogo na sua casa a ter que abrigá-los. O casal e a filha mudam-se então para a antiga casa de D. João de Portugal. A partir daí, os principais eventos do história vão ocorrer e sem dar spoilers, esses eventos são de tal modo graves que Manuel de Sousa e Madalena acabam por renunciar a vida em sociedade para vestir o hábito e viverem como Frei Luís de Sousa e Sóror Madalena.
Como toda obra do romantismo, o livro é carregado no melodrama, mas não deixa de ser uma história interessante. Partilho nesta resenha o link para uma adaptação cinematográfica da peça.