Crime e Castigo
✍️ Fyodor Dostoevsky
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Este é o primeiro “tijolo” de Dostoiévski que leio e, novamente, termino uma leitura dele elevando ainda mais Dostoiévski no ranking dos meus autores favoritos.
“Crime e Castigo” foi escrito em 1865/66, durante o reino do czar Alexandre II, pouco depois da emancipação dos servos. A Rússia estava num estado de ebulição social com tantas reformas e novidades. É uma história sobre um crime onde já sabemos de antemão quem é o criminoso, o jovem estudante Raskólnikov. A primeira parte do livro trata do planejamento e execução do crime e as partes restantes tratam da investigação do crime e da “racionalização” do crime por parte de Raskólnikov.
O que venho notando nas minhas leituras de Dostoiévski é a incrível capacidade que ele tem de manipular os sentimentos do leitor. Raskólnikov é apresentado ao leitor como uma personagem totalmente arrogante e detestável. Só que ao meio do livro é possível ter alguma piedade dele ao ver toda tormenta mental pela qual ele passa. A respeito disso, a técnica de investigação do crime utilizada pelo juiz de instrução é absolutamente brilhante. Temos um perseguição de gato e rato onde tanto o gato quanto o rato negam que a perseguição esteja ocorrendo.
Não vou deixar mais comentários porque não consigo expressar de forma eloquente com as palavras a grandeza deste livro. Deixo, entretanto, dois pontos que mostram a intemporalidade deste clássico :
- a falta de perspectiva e o niilismo dos jovens, principalmente aqueles com o perfil semelhante ao de Raskólnikov (20 e poucos anos e bem qualificados).
- a tese de Raskólnikov de que há homens comuns e homens extraordinários foi completamente validada nos últimos dois anos. Os homens comuns têm apenas um dever: obedecer. Já o homem extraordinário pode descumprir a lei a vontade pois se considera ungido e está atuando em nome do “bem maior”. O homem extraordinário faz a lei que o homem comum deve obedecer.
Leitura recomendadíssima. Dostoiévski tem muito a nos ensinar com a sua obra.