Uma História de Xadrez

✍️ Stefan Zweig

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Um sólido 3,5.

Uma história bem curta que é ambientada durante uma viagem de barco para Buenos Aires. O narrador da história descobre que o campeão mundial de xadrez é um dos passageiros e tenta de várias formas arranjar uma maneira de jogar uma partida contra ele. O campeão é uma figura singular, o típico caso de autista savant. Ele é praticamente incapaz de qualquer relaciomento social, com dificuldades em aprender coisas simples mas um transforma-se em um gênio diante do tabuleiro de xadrez.

O narrador encontra um outro passageiro que paga o campeão para jogar contra eles. Numa das partidas aparece a personagem do Dr. B, que diz não jogar xadrez há vários anos mas que dá ótimas dicas, o que faz com que o grupo consiga empatar com o campeão. O grupo tenta então convencer o Dr. B a jogar sozinho contra o campeão e é aí que começa outra parte da história, quando o Dr. B conta a história dele (de vida e de como conheceu o xadrez).

Nesta parte, voltamos a época da anexação da Áustria pela Alemanha Nazi. O Dr B tinha relações com a antiga família real austríaca e tornou-se alvo dos Nazis. Foi capturado pela Gestapo e, no lugar de ser levado para um campo de concentração e trabalhos forçados, foi confinado a um quarto sem acesso a absolutamente nada e ninguém. É uma forma de tortura tão cruel quanto, como diz esta parte do livro:

Não nos faziam nada só nos colocavam no mais perfeito vazio, pois é sabido que nada exerce maior pressão sobre a alma humana do que o vazio. Ao encerrarem-nos num vácuo total, numa sala hermeticamente fechada em relação ao mundo exterior, pensavam que a pressão, em vez de ser exercida a partir de fora através das pancadas e do frio, devia ser provocada do interior, até finalmente sermos forçados a falar.

Numa das idas e vindas de interrogatórios, o Dr. B consegue roubar um pequeno livro de xadrez e ao mesmo tempo que o xadrez ajuda a combater o vazio do confinamento solitário, o jogo torna-se uma mania e obsessão para o Dr. B, a ponto da monomania ter provocado o que um médico na história chama de “envenenamento por xadrez”. Esta questão psicológica é bem interessante.

A história é bem curta e acho que pode ser apreciada tanto por quem joga ou não joga xadrez.