Os Fidalgos da Casa Mourisca
✍️ Júlio Dinis
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Neste livro de Júlio Dinis temos um retrato da sociedade portuguesa na transição pós-revolução liberal. A nobreza, com crenças ainda no absolutismo, é representada pelos fidalgos da Casa Mourisca, principalmente na figura do patriarca D.Luís e de seu procurador, o Frei Januário. A decadência da nobreza é retratada pelo estado lastimável da casa dos fidalgos e pela sua péssima situação financeira.
A causa liberal acaba por “invadir” a casa mourisca através da esposa de D.Luís (já falecida na história). O seu irmão lutou e morreu ao lado dos liberais na e um de seus companheiros acabou indo morar de favor junto a família de D.Luís. Os filhos do patriarca, Jorge e Maurício, têm personalidades bem distintas e apesar de terem sido educados de acordo com o gosto político de D. Luís, tiveram acesso a filosofia liberal por meio do ex-companheiro do tio que contava histórias heroicas dos liberais. O patriarca também teve uma filha, Beatriz, cuja morte trouxe bastante desgosto ao patriarca.
Há uma nova classe ascendente em Portugal que é retratada pelo próspero lavrador Tomé da Póvoa e sua família. Isso se reflete bem quando Tomé envia a sua filha Berta para estudar na cidade, algo impensável na época para um simples lavrador. O regresso de Berta vai desencadear grandes mudanças na rotina da aldeia. Outra fonte de mudanças é Jorge, o filho mais velho do fidalgo D. Luís, que, notando a mudança de ares no país, decide fazer alguma coisa para que a familia se adapte aos novos tempos. Jorge resolve começar um processo de reabilitação física e financeira da casa mourisca e com isso restaurar a dignidade do nome da família.
O estilo de escrita de Júlio Dinis torna a leitura bastante agradável. O narrador é um ótimo ‘contador de histórias’ e consegue inserir no meio do relato a sua opinião e até alguma ironia. É claro que a história tem a sua dose de drama romântico, típico do século XIX, chegando a parecer um folhetim. Entretanto, não considero que seja uma leitura minimamente aborrecida.