Memórias do Subterrâneo

✍️ Fyodor Dostoevsky

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Este livro de Dostoievski é pequeno de tamanho mas bastante denso. O narrador, em primeira pessoa, é o homem do subsolo, uma pessoa orgulhosa e convencida de que é melhor do que os outros. A frase inicial do livro já dá uma amostra do tipo de narrador que o leitor vai encontrar:

Eu sou um homem doente… Sou um homem mau. Sou um homem nada atraente. Penso que sofro do fígado. Aliás, não percebo patavina da minha doença nem sei ao ceto de que é que sofro. Não me trato e nunca me tratei, embora respeite a medicina e os médicos. Além do mais sou supersticioso em extremo; bem, o suficiente, ao menos, para respeitar a medicina. É por maldade que não quero me tratar”

O livro é dividido em duas partes bem distintas, a primeira seria a apresentação da “teoria filosófica” do subsolo. Conhecemos um homem incrivelmente amargurado e as vezes o leitor pode sentir um certo desconforto na leitura uma vez que pode se identificar com um ou outro aspecto do subsolo. Na segunda parte, o narrador conta alguns eventos que ocorreram na sua vida. Esses eventos são incrivelmente embaraçosos e causam um misto de riso e vergonha alheia no leitor.

O estilo de Dostoievski neste livro é bem diferente do que li em outras obras dele (principalmente na segunda parte, onde as vezes a narração é caótica - bem ao estilo do transtornado homem do subsolo). É um livro que devo reler uma vez que há muito a ser extraído da obra e achei que esta minha primeira leitura não tirou tudo que o livro oferece. São pouco mais de 100 páginas e uma leitura mais dificil que as quase 600 páginas do “Crime e Castigo”. Como todo livro de Dostoievski, vale e muito a leitura.