Memória das Minhas Putas Tristes
✍️ Gabriel García Márquez
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Um livro que tem um título e um primeiro parágrafo que podem causar má impressão e até afastar o leitor dada a “premissa” da história.
“No ano dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescente virgem.”
Na verdade, este livro acaba sendo uma grande reflexão sobre a velhice e a solidão, contada por um narrador sem some, um escritor e jornalista veterano. Um homem que nunca amou de verdade um mulher como faz questão de ressaltar ainda nas primeiras páginas da história:
“Nunca fui para a cama com nenhuma mulher sem lhe pagar, e convenci as poucas que não eram da profissão pela razão ou pela força a que recebessem o dinheiro nem que fossa para deitar ao lixo.”
Este homem, que até aos 50 anos contabilizava 514 mulheres e depois deixou e fazer qualquer registro, acaba por descobrir o que é o verdadeiro amor, platônico, é verdade, mas puro, a ponto do narrador concluir que
“O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança.”
A história nos mostra também um pouco da realidade social de uma parte pobre da Colômbia, onde a entrega das filhas para a prostituição parece ser algo “comum e cultural”. Quase um meio de sustento familiar. Esta fala da dona do bordel, Rosa Cabarcas, retrata isso:
“De qualquer maneira tenho outra em vista para ti um pouco mais velha, linda e também virgem. O pai quer trocá-la por uma casa mas pode-se discutir um desconto.”
A minha nota para o livro seria 3,5 estrelas mas arredondo para baixo porque achei o final um pouco apressado. Este é um livro que claramente não podemos julgar pela capa (e pela primeira frase). Gabriel Garcia Marquez mostra mais uma vez o seu grande talento com as palavras na arte de contar histórias.