How Music Got Free: A Story of Obsession and Invention
✍️ Stephen Witt
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Para quem deseja conhecer a fascinante história do formato MP3 e seu impacto na indústria da música, How Music Got Free é uma ótima leitura . O autor, Stephen Witt, combina explicações técnicas acessíveis com uma análise da transformação econômica causada pelo MP3 e polvilha algumas biografias fascinantes neste livro.
Conhecemos Karlheinz Brandenburg, um engenheiro eletricista alemão, que, com a sua equipe de pesquisa em compressão de dados aplicada a áudio do Instituto Fraunhofer, desenvolve o formato MP3. A narrativa acompanha não só os avanços científicos em compressão de áudio, mas também os entraves políticos e estratégicos enfrentados por Brandenburg nos comitês de padronização – onde sua equipe foi, ironicamente, vítima da própria ingenuidade.
“The Fraunhofer team began to see how they’d been outmaneuvered. Philips had convinced Fraunhofer to adopt its own inefficient methodology, then pointed to this exact inefficiency to sink them with the standards committees. Worse, engineers there seemed to have started a whisper campaign, to spread the word about these failures to the audio engineering community at large.”
O desenvolvimento de players MP3 também é abordado assim como a origem de vários softwares famosos, como o Winamp. Além do lado técnico, o livro foca na indústria fonográfica americana, representada pelo famoso executivo Doug Morris. O livro retrata uma indústria em seu auge nos anos 1990, quando os CDs garantiam lucros astronômicos:
“In the late 1990s, on the strength of the CD boom, the recording industry enjoyed the most profitable years in its history.[…]Americans were spending more money on recorded music than ever before. Profit margins were expanding as well, as efficiency gains in compact disc manufacturing brought the per-unit cost of goods below a dollar—a savings that was not passed on to the consumer, who was charged $16.98 retail.”
Entre os personagens mais surpreendentes está Dell Glover, um funcionário comum de uma fábrica de CDs da Carolina do Norte. Glover foi uma das principais fontes das redes de pirataria ao vazar centenas de álbuns antes do lançamento oficial. Com acesso direto aos CDs que chegavam à fábrica, Glover criou um esquema muito engenhoso para conseguir sair com cópias dos CDs da fábrica:
In a new twist, one of his conspirators started bringing in microwaveable lunches. The lunches came in a plastic cylindrical bowl, the mouth of which was just slightly larger than a compact disc. Every day after eating, his confederate would wash the container clean, then bring it back to the factory floor and jam it full of discs.”
Como um boxeador pego de surpresa, a indústria fonográfica demorou a reagir ao impacto do MP3. O formato, altamente compartilhável, subverteu completamente a cadeia de valor. Quando ocorreu a reação, ela foi implacável. A indústria iniciou uma ofensiva jurídica onde conseguiu derrubar redes de partilha como o Napster e também utilizou alguns dos maiores distribuidores de música pirata como exemplos públicos, numa estratégia de dissuasão para o público em geral.
Um ótimo livro para quem se interessa por música, tecnologia e pelas tensões entre inovação e o poder estabelecido.