O Bispo Negro
✍️ Alexandre Herculano
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A minha edição da editora Book Cover é composta de três histórias: “O Bispo Negro”, “O Alcaide de Santarém” e “O Lidador”. Estes contos são narrativas históricas e focam-se na era medieval da península ibérica, um tema muito apreciado por Alexandre Herculano.
O Bispo Negro - 3,5 - um pequeno conto que fala a respeito dos conflitos entre o príncipe Afonso Henriques e a Igreja Católica devido a prisão/exílio de sua mãe. Afonso Henriques rejeita o pedido de libertação da mãe e desafia a Igreja ao nomear como bispo de Coimbra Çoleima, um negro cujos “cabelos revoltos contrastavam pela alvura com a pretidão da tez”. Uma das lendas mais famosas da história de Portugal.”
“— Missa não vos cantarei eu, senhor — respondeu o negro com voz trémula —, que para tal auto não tenho as ordens requeridas.
— Dom Çoleima, repara bem no que te digo! Sou eu que te mando vás vestir as vestiduras de missa. Escolhe: ou hoje tu subirás os degraus do altar-mor da Sé de Coimbra, ou a cabeça te descerá de cima dos ombros e rolará pelas lájeas deste pavimento.”
O Alcaide de Santarém - 3,5 - Uma história passada na Espanha muçulmana, no Palácio Azzahrat, em Córdoba, capital do califado. Muitas intrigas e um final surpreendente.
“— Vens, pois, anunciar-me uma desventura?!… Cumpra-se a vontade de Deus. Tenho reinado perto de quarenta anos, sempre poderoso, vencedor e respeitado; todas as minhas ambições têm sido satisfeitas; todos os meus desejos realizados; e, todavia, nesta longa carreira de glória e prosperidade, só fui inteiramente feliz catorze dias da minha vida. Pensava que este fosse o décimo quinto.”
A Morte do Lidador - 4 - para mim foi o melhor conto do livro. Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, nomeado por D. Afonso Henriques como fronteiro de Beja, completa 95 anos (80 que veste armas e 70 que é cavaleiro) e deseja comemorar com mais uma batalha contra os mouros. Uma história com muita ação e com um ótimo texto.
“— …Senhores cavaleiros, hoje contam-se noventa e cinco anos que recebi o batismo, oitenta que visto armas, setenta que sou cavaleiro, e quero celebrar tal dia fazendo entrada por terras da frontaria dos mouros.
Isto dizia na sala de armas do castelo de Beja Gonçalo Mendes da Maia, a quem, pelas muitas batalhas que pelejara e por seu valor
indomável, chamavam Lidador.”