Se um viajante numa noite de inverno
✍️ Italo Calvino
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Livro surpreendente. Nunca tinha lido nada parecido. Uma estrutura fragmentada e nada convencional. A “história” já tinha começado quando achava que estava lendo ainda um prefácio. Os capítulos de conversa do narrador com o Leitor são os melhores. Há muitas observações e reflexões muito boas e nas quais eu me revi.
Já os capítulos com os inícios dos livros achei que variavam muito na qualidade. Havia alguns muito bons e outros que achei bem chatos. Acho que da metade para frente os “livros” ficavam cada vez melhores. Os capítulos das linhas que se entrelaçam (e entrecruzam) deu vontade de continuar a ler as histórias para ver o que acontecia. E a pervertida história do Japão é de dar risada. No geral foi uma boa leitura e acho que o fato de ter ido pra ela sem fazer a mínima ideia do que seria o livro tornou a experiência ainda melhor.
Sobre esta temática de “livros fictícios”, eu só conhecia o Borges. Ele faz uma crítica literária a autores ficticios em dois contos do “Ficções” : “Pierre Menard, Autor do Quixote” e “Exame da Obra de Herbert Quain”. Em outro conto também presente no “Ficções”, que é o “A Biblioteca de Babel”, temos uma biblioteca com todos os livros que podem ser produzidos. Eu vejo uma análise meio matemática/probabilistica da informação. Lembra-me a história dos macacos datilógrafos que diz que um macaco datilografando aleatóriamente e tendo tempo infinito vai uma hora reproduzir uma peça de Shakespeare.
No geral, “Se um viajante numa noite de inverno” leva 3,5/5.