O tradutor cleptomaníaco e outras histórias de Kornél Esti

✍️ Dezső Kosztolányi

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Esta coleção de 13 contos húngaros foi surpresa muito agradável. O livro é excelente com suas histórias divertidíssimas, insólitas, algumas de dar gargalhadas. Ao mesmo tempo há partes do livro que nos dá muito o que pensar. O componente comum a todas as histórias é Kornél Esti. Algumas vezes ele é o narrador de uma história que aconteceu com um conhecido seu, outras vezes ele é o próprio protagonista da história.

Os meus contos favoritos foram:
- O Dinheiro
- A Mentira
- O Manuscrito
- O Presidente
- O Salva-Vidas
- O Fim do Mundo
- O Tradutor Cleptomaníaco

Deixo aqui algumas das minhas frases favoritas:

“Tentamos provar que ele era um cleptomaníaco e não um ladrão. Aquele que conhecemos geralmente é cleptomaníaco. Aquele que não conhecemos geralmente é ladrão. O tribunal não o conhecia; assim foi qualificado — ladrão” (O Tradutor Cleptomaníaco)

”- Escute: um poeta rico, entre nós? É um total absurdo. Em Budapeste, quem tem um pouco de dinheiro é considerado um palerma. Se tem dinheiro, por que deveria ter algo na cabeça[…]?” (O Dinheiro)

“Só então notei que curiosa relação temos com os desaparecidos.São criaturas de mau agouro, que vivem uma vida dupla, vivos e mortos ao mesmo tempo, homens e assombrações, cidadão deste e doutro mundo, e não sabem a qual pertencem”. (O Desaparecimento)

“As mentiras querem ser verossímeis - é esse o seu sinal de reconhecimento - e assim, quando as pessoas ouvem um absurdo tão improvável, tão audaz, a última coisa que pensariam é que estão ouvindo uma mentira”. (A Mentira)

“Em toda mentira feminina existe um pingo de verdade. Esta é a base moral de suas mentiras. E é por isso que são perigosas”. (A Mentira)

“O que é demais, é demais. Reconheço que salvou minha vida. Mas a questão é para quem ele salvou: para mim ou para ele? Se continuar assim, então eu não quero mais a minha vida…” (O Salva-Vidas)

“O gênero de morte mais indolor é quando nada e ninguém fica depois de nós, não temos a quem invejar”. (O Fim do Mundo)

“Agora, note bem, só aquele que está preparado para morte é que pode viver, e nós, tolos, morremos, porque só nos preparamos para a vida e queremos viver a todo custo”. (O Fim do Mundo)

Leitura recomendadíssima.