Madame Bovary

✍️ Gustave Flaubert

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Uma história de casamento, adultério muito bem contada por Flaubert. Através deste livro conheci uma das personagens que mais detestei na literatura: Emma Bovary.

A narrativa começa com o foco em Charles Bovary, um homem simples, de infância modesta e trajetória profissional apagada. Ele se forma como oficial de saúde, que é um título inferior ao de médico. Casa-se pela primeira vez mas logo fica viúvo. Após a morte da sua primeira esposa, Charles, numa de suas muitas visitas profissionais a pequenas aldeias na Normandia, conhece Emma, filha do Sr. Rouault. Emma é uma jovem sonhadora e que teve o seu imaginário moldado pela leitura de romances e pelo pouco tempo que passou em um convento. Charles apaixona-se por Emma e ambos se casam. Flaubert nos passa a ideia de que Emma se casou mais por “inércia” do que por amor.

O ponto de virada da narrativa ocorre após um baile aristocrático, no qual Emma vislumbra exatamente aquele mundo de luxo e sofisticação que conheceu nas suas leituras. Após este evento, Emma revela alguma instatisfação ao se ver presa à monotonia da vida rural e começa a comparar, de forma pouco abonatória, Charles aos outros homens que conhece. Emma passa a ter então um comportamento destrutivo com uma busca ativa por amantes e um consumismo desenfreado. Charles revela-se o perfeito marido submisso e manso (o que de aumenta ainda mais o desprezo de Emma por ele). O pior comportamento de Emma, entretanto, é o seu desprezo pela maternidade.

A situação foge ao controle quando Emma começa a pedir empréstimos ao agiota Lheureux. Suas dívidas se acumulam e ela não consegue pagar. Lheureux começa com chantagens e Emma, já envolta numa enorme rede de mentiras, se vê forçada a fazer malabarismos para manter as aparências.

Outro personagem que destaco na trama é o Sr. Homais, o farmacêutico. Fiquei com a impressão de que Flaubert utilizou este personagem para fazer um crítica mordaz ao cientificismo e positivismo franceses, representados por Auguste Comte. Homais tinha um discurso pretensamente racional mas que era apresentado de forma quase caricatural.

A leitura tem algumas partes mais lentas e descritivas. Ainda assim, a história tem um bom ritmo, especialmente mais perto do desfecho. Recomendo a leitura para quem aprecia um bom romance psicológico com pitadas de ironias sociais pelo caminho.