As três Marias

✍️ Rachel de Queiroz

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Um livro de Rachel de Queiroz num tom mais autobiográfico, delicado e introspectivo. A narrativa conta a história de 3 amigas de colégio interno religioso: Maria Augusta (Guta - a narradora), Maria José e Maria da Glória. A história começa com a chegada de Guta ao colégio, onde ela não consegue compreender e adaptar o modo de vida das freiras.

E eu tinha medo. A Irmã era velha, de olhar morto, fala incolor e surda. Parecia feita de papel pálido, ou de linho engomado semelhante à corneta que trazia à cabeça e que se agitava a cada movimento seu, como uma ave.

Guta encontra em Maria José e Glória um alento neste ambiente até então considerado hostil. As três, apelidadas de “Três Marias” por uma das irmãs, iniciam um forte laço de amizade.

“À noite, ficávamos no pátio, olhando as nossas estrelas, identificando-nos com elas. Glória era a primeira, rutilante e próxima. Maria José escolheu a da outra ponta, pequenina e tremente. E a mim me coube a do meio, a melhor delas, talvez; uma estrela serena de luz azulada, que seria decerto algum tranquilo sol aquecendo mundos distantes, mundos felizes, que eu só imaginava noturnos e lunares.”

Além da vida escolar, acompanhamos a descoberta dos livros através de romances e poesia, o término dos estudos, os primeiros amores e as desventuras da vida adulta. Há no texto uma tom de melancolia, algum remorso e também algum inconformismo de Guta com a sociedade.

Apesar disso, penso que o livro se encerra de forma apressada e o leitor acaba desconectado e distante das outras Marias no desfecho. O livro é bom mas não é, para mim, o melhor de Rachel de Queiroz.

A edição que li conta com fortuna crítica de Mário de Andrade e Fran Martins, que ajuda a compreender a obra e o seu contexto.