Angústia
✍️ Graciliano Ramos
Tags: brazil , fiction , graciliano-ramos , lang-pt
O que posso dizer de Angústia? Primeiro, que o título faz todo sentido. Segundo, que narrativas em fluxo de consciência talvez não sejam um bom “fit” para mim. Em terceiro lugar, a história, que tem um Q de Dostoiévski, uma espécie de Memórias do Subsolo misturado com Crime e Castigo, é escrita de forma tão confusa e caótica que até mesmo Dostoiévski parece mais linear.
São muitas digressões, idas e vindas entre presente e passado, e uma sensação de repetição constante. Senti-me angustiado (ou talvez frustrado) por não conseguir escapar desse ciclo com o protagonista Luís e, pior, por estar preso à sua eterna aspereza. Luís não tem nuances, não tem remorso. Ele não oferece abertura para empatia; apenas amargor.
Raskólnikov, ao menos, deixa entrever um conflito interno. Já Luís, não. Ele é um personagem rígido e endurecido desde a primeira frase do livro. A leitura torna-se penosa, não pela densidade do tema, mas pela sua completa aridez.
A escrita de Graciliano,como sempre, é muito boa, mas forma e conteúdo aqui não me cativaram de todo. Talvez o problema tenha sido a barra alta que foi colocada depois que li São Bernardo. Em Angústia eu esperava outra grande obra com muita densidade, em vez disso, uma maratona de amargor. Não consigo dar mais do que 2,5 estrelas (e arredondo para baixo).
Talvez uma releitura no futuro, com outra cabeça, me faça mudar de ideia.